Tag: repressão

  • Um Crime político na década 1940

    Um Crime político na década 1940

    • Um Crime Político
    • Mataram Alfonsas Marma
    • Imigração Lituana
    Apresentação do Livro!

    Na narrativa oficial da história da nossa República o fim do período de governo de Getúlio Vargas (1930 – 1945) é denominado democrático. No entanto, um olhar mais acurado sobre o governo de Eurico Gaspar Dutra (1946 – 1951) nos revela que, apesar da aprovação de uma nova carta constitucional em 1946, esteve longe de ser plenamente democrático, pelo contrário, a repressão política e os crimes políticos foram uma constante. Nesse livro analisamos um crime político: o massacre de Tupã, no qual morreu Alfonsas Marma.

    Capa. Mataram Alfonsas Marma.
    Capa. Mataram Alfonsas Marma.

    Durante o período Dutra estima-se que aproximadamente 50 militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB) tenham sido assassinados pelas forças repressivas do Estado. Muitas dessas histórias e desses personagens permanecem desconhecidos da nossa sociedade, longe tanto da nossa história, como da nossa memória política. Memória essa que ficou ainda mais distante quando a Comissão da Verdade, decidiu, após receber pressão de organizações sociais e intelectuais, que seriam investigados os crimes políticos cometidos somente durante o Regime Militar.

    Não quero aqui reacender esse debate! Mas vale lembrar que o principal argumento era que não se deveria misturar o que ocorreu em um período de exceção, autoritário, com um período de liberdade democrática. Bom, considerando o período Dutra essa distinção é uma bobagem. Para além, na nossa história republicana, o assassinato político, sempre foi mais uma regra do que uma exceção. No mais, no Brasil sabemos que é possível reunir regra e exceção, democracia e autoritarismo ao mesmo tempo.

    Um crime político no governo Dutra

    O governo Dutra foi em tese pautado pela aprovação de uma nova constituição e de um processo eleitoral que não só deu legalidade ao Partido Comunista Brasileiro como fez de Luís Carlos Prestes um vitorioso nas urnas. Eis que uma armação política realizada pelo PTB recolocou o PCB na ilegalidade e todos os representantes legitimamente eleitos foram caçados. A partir desse momento o que se viu foi que a polícia política, como o Deops em São Paulo, deu início a uma implacável perseguição aos militantes políticos do PCB.

    Esse é um ponto a ser notado. A ruptura de regime do Estado Novo (1937 – 1945) para a democracia não significou uma mudança nas estruturas das instituições. Ou seja, as mesmas práticas, e os mesmos indivíduos, que atuavam na repressão durante o varguismo continuaram a atuar no governo Dutra. Essa manutenção das instituições repressivas e até mesmo o seu aprimoramento é que permitiram uma repressão tão feroz.

    Especificamente no caso de São Paulo, durante o governo de Adhemar de Barros o Deops, passou por mudanças estruturais sendo mesmo criada uma Delegacia de Expulsandos, mais tarde renomeada para que o propósito de deter e expulsar estrangeiros não ficasse tão evidente.

    Mataram Alfonsas Marma

    Se a Comissão da Verdade não fez o processo de investigação dos crimes políticos no pós-Varguismo cabe a nós historiadores fazermos. Eis, portanto, a pequena contribuição que quis oferecer com a história de um dos assassinatos cometidos pela polícia durante o processo repressivo de 1948-1949. Procurei traçar na forma biográfica a trajetória do imigrante lituano Alfonsas Marma que desde jovem participou das atividades políticas e sociais entre os lituanos na cidade de São Paulo.

    Aprendeu a função de gráfico ao trabalhar em diversos jornais. Foi preso e expulso do Brasil em 1930. No Uruguai, onde se estabeleceu, ajudou na formação dos principais jornais em idioma lituano naquele país. Retornou clandestinamente e voltou a atuar nas principais organizações e jornais lituanos até ser novamente preso e, após ser libertado, assassinado pela polícia.

    Essa é apenas uma das mais de 50 histórias que ainda devem ser recuperadas para que possamos entender melhor a nossa República, a nossa história política e o lugar que a violência e os crimes de Estado ocupam nessa.

    Referência:

    E.R.G. ZEN. Mataram Alfonsas Marma. Imigração, Comunismo e Repressão. Rio de Janeiro: Aped, 2015.

    Para Adquirir

    O livro pode ser adquirido AQUI

  • Inimigos: uma História do FBI

    Inimigos: uma História do FBI

    Por Dr. Erick Reis Godliauskas Zen

    Twitter: @erickrgzen

    • Tim Weiner. Enemies. A History of the FBI.  New York, Random House, 2012.
    • sobre Tim Weiner
    • uma estimulante pesquisa
    • as polêmicas entorno de Edgar Hoover
    • Filme J Hoover de Clint Eastwood

    O livro Inimigos: Uma História do FBI, de Tim Weiner, é uma obra estimulante e instigante que busca traçar um amplo histórico do FBI, desde a sua fundação até o ataque  terrorista de 11 de setembro, além de apontar alguns dos problemas atuais da instituição e do sentimento de fracasso que se abateu sobre todos os órgão de inteligência americanos, após o ataque às Torres Gêmeas.

    O jornalista Tim Weiner é um autor reconhecido e premiado. Recebeu o Pulitzer (o principal prêmio nos EUA) pelo livro Legacy of Ashes, um livro dedicado a analisar a CIA. Durante anos, ele foUnknowni correspondente do jornal New York Times (entre outros) cobrindo a CIA e se tornou um especialista em temas relacionados a inteligência. Ao contrário dos jornalistas brasileiros, muitos jornalistas americanos, mesmo entre os conservadores, são capazes de realizar habilidosas e competentes pesquisas históricas e, eis aqui, um bom exemplo.

    Uma  característica importante do trabalho de pesquisa do autor foi a utilização somente de materiais, documentos, “desclassificados” e, portanto de acesso público. Isso permite que o leitor interessado, como eu, busque as fontes sem dificuldades. Claro, que essa forma de trabalhar só é possível quando há uma política de arquivos (que não é perfeita, mas é melhor do que a nossa). Esse procedimento evita, também, as especulações, o uso de fontes ocultas e inventadas, como muitas vezes já vimos por essas terras.

    A narrativa proposta por Weiner é organizada de forma cronológica e o livro é dividido de acordo com a administração, ou seja, o presidente que governava. Esse é um procedimento clássico na história e no jornalismo norte-americano. Essa característica reforça um dos pontos fortes do livro: como cada presidente americano lidou com os órgão de segurança? Assim, somos informados sobre os dilemas de Roosevelt, os usos e abusos de  Nixon, a desconfiança com relação aos democratas, em particular Kennedy, e Clinton que deixou o FBI à míngua em termos de recursos.

    Quem foi Edgar Hoover? 

    Nessa relação entre a instituição e os presidentes a principal figura, e não poderia ser diferente, é John Edgard Hoover, pois foi ele foi o primeiro diretor do FBI e permaneceu no cargo de 22 de março de 1935 até 2 de maio de 1972, quando faleceu.  Portanto, dirigiu o FBI por 48 anos! (vou concentrar este post neste aspecto). Interessante notar que em um país com alternância democrática na presidência, um dos cargos mais importantes dentro da segurança de Estado tenha experimentado tamanha estabilidade.

    John Edgar Hoover, nasceu em Washington D.C em janeiro de 1895 e quando entrou nas forças policiais, enfrentava sobretudo as “ameaças” internas, os anarquistas, que haviam realizado diversos atentados nos EUA, e posteriormente os comunistas. Sem esquecer do combate ao crime organizado, que foi o que levou Hoover a fama. Após a Segunda Guerra Mundial foi Hoover quem preparou o FBI para enfrentar a Guerra Fria e, claro, o crime organizado.

    A análise e caracterização de Hoover realizada por Weiner é muito intrigante. O autor demonstra que o diretor do FBI era capaz de odiar igualmente qualquer coisa que demonstrasse uma ideologia… Que demonstrasse rejeição ou que se diferenciasse do “sonho americano”, dos “valores americanos”. Assim, perseguiu violentamente, e muitas vezes usando recursos ilegais: anarquistas, comunistas, o movimento negro, hippies,  mas também os movimentos racistas como a Ku Klux Klan e os movimentos que pregavam (ainda pregam) a supremacia ariana. Alguns dos seus “inimigos” foram personalidades públicas, como Luther King… e por aí vai!

    Outra característica de Hoover era o seu personalismo. Em muitos casos tratava pessoalmente das operações e mantinha um arquivo próprio de informações. Em muitos documentos as instruções e as comunicações eram realizadas com um E. H., na borda, indicação clara de quem dera a instrução e como deveria ser seguida.

    Hoover homossexual?

    Um ponto polêmico do livro é a análise da relação entre Hoover e seu principal assistente: Clyde Tolson. Na literatura recente sobre Hoover encontramos de forma explicita e / ou  sugerida a homossexualidade de Hoover e os dois são frequentemente descritos como amantes. Esse aspecto foi explorado em algumas biografias e até no cinema. Tim Weiner descarta essa ideia, para o autor, Hoover não manteve relações sexuais com Tolson ou com “qualquer outro ser vivo”. Assim, para ele, Hoover era “assexuado” (palavra minha e não do autor). Parece um argumento estranho, para dizer o mínimo, porém a visão de Weiner sobre o contexto da sociedade americana é mais interessante do que qualquer argumento sobre esse aspecto. Afinal, cabe questionar: Qual é a relevância desse fato (se foi um fato)?  Qual a relevância em se saber se o diretor do FBI era ou não homossexual? Não seria esta uma questão secundária? Uma questão privada para além das ações públicas de Hoover?

    Seria! Ocorre que entre as páginas mais obscuras da história do FBI está a de uma ampla perseguição aos considerados “desviados” sexualmente. Neste “desvio”, os principais “inimigos” foram os homossexuais e as prostitutas. Assim, o debate (se é que é um debate) seria até que ponto a orientação sexual de Hoover teria influenciado nas ações persecutórias?  Como dissemos, Weiner descarta essa questão, como fantasia.

    Do meu ponto de vista creio que o debate se perdeu entre as caricaturas formadas sobre Hoover. As perseguições políticas ou motivadas por questões morais não são parte de uma escolha individual de quem ocupe um lugar de poder (e no caso de Hoover um destacado lugar de poder!). As medidas tomadas pelo Estado contra um grupo social devem ser explicadas pelo contexto social, muito mais do que por uma “pseudo psicologia de boteco”! Aqui, pontos para o autor, por saber inserir a figura pública no contexto histórico (o que é sempre muito complicado!)

    Por fim! 

    O livro começa com um dilema clássico nas Ciências Políticas: liberdade individual x segurança coletiva. Um dilema que perseguiu todos os pensadores políticos e todos aqueles que ocuparam lugar de poder no Estado. Um dilema que sempre se coloca quando o Estado precisa de órgãos de segurança e inteligência, como FBI. Quais são os limites do poder de vigilância? O que é legítimo em nome da segurança? A leitura do livro nos coloca o tempo todo, essa questão. Obviamente que o autor, claramente um liberal, não resolve, mas conhecer a trajetória do FBI, e em particular os dilemas de Hoover, nos ajuda a refletir, principalmente neste tempo em que temos a invasão do privado e dos escândalos de  espionagem, por um lado, e por outro o trauma dos atentados terroristas. Eis os desafios para a sociedade americana e para o próprio FBI.

    J. Edgar Hoover no Cinema.

    Interessante observar a diferença, sobre a questão da homosexualidade, abordada no filme J Edgar, dirigido por Clint Eastwood e com Leonardo DiCaprio no papel principal. O filme assume a versão de que Hoover era homosexual, embora não coloque cenas explícitas do relacionamento.

    Uma cena que nos chama a atenção é a que os dois vestidos em roupão entram em uma briga violenta em um hotel. Este episódio é relatada em diferentes biografias de Hoover, mas Weiner a descarta como verídica. No filme a parte mais explícita do suposto relacionamento de Hoover com seus principal assistente.

    Novamente é preciso dizer que se Hoover era homosexual ou não seria uma questão privada do que pública! Se não fosse o fato de o FBI nas primeiras décadas de atividade não tivesse articulado uma perseguição sistêmica aos homosexuais.

    De toda forma, vale conferir o filme também. Eu assisti pela Netflix.

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  • FBI uma História dos seus Inimigos

    FBI uma História dos seus Inimigos

    • Sobre Tim Weiner
    • uma estimulante pesquisa
    • as polêmicas entorno de Edgar Hoover
    • Filme J Hoover de Clint Eastwood
    • Tim Weiner. Enemies. A History of the FBI.  New York, Random House, 2012.

    O livro Inimigos: Uma História do FBI, de Tim Weiner, é uma obra estimulante e instigante, pois busca traçar um amplo histórico do FBI, desde a sua fundação até o ataque  terrorista de 11 de setembro, além de apontar alguns dos problemas atuais da instituição e do sentimento de fracasso que se abateu sobre todos os órgão de inteligência americanos, após o ataque às Torres Gêmeas.

    Unknown

    O jornalista Tim Weiner é um autor reconhecido e premiado. Ele recebeu o Pulitzer (o principal prêmio nos EUA), pelo livro Legacy of Ashes, um livro dedicado a analisar a CIA. Durante anos, ele foi correspondente do jornal New York Times (entre outros) cobrindo a CIA e se tornou um especialista em temas relacionados a inteligência. Os jornalistas americanos, mesmo entre os conservadores, são capazes de realizar habilidosas e competentes pesquisas históricas e, eis aqui, um bom exemplo.

    Os Inimigos do FBI

    Uma  característica importante do trabalho de pesquisa do autor foi a utilização somente de materiais, documentos, “desclassificados” e, portanto de acesso público. Isso permite que o leitor interessado, como eu, busque as fontes sem dificuldades. Claro, que essa forma de trabalhar só é possível quando há uma política de arquivos (que não é perfeita, mas é melhor do que a nossa). Esse procedimento evita, também, as especulações, o uso de fontes ocultas e inventadas, como muitas vezes já vimos por essas terras.

    A narrativa proposta por Weiner é organizada de forma cronológica e o livro é dividido de acordo com a administração, ou seja, o presidente que governava. Esse é um procedimento clássico na história e no jornalismo norte-americano. Essa característica reforça um dos pontos fortes do livro: como cada presidente americano lidou com os órgão de segurança? Assim, somos informados sobre os dilemas de Roosevelt, os usos e abusos de  Nixon, a desconfiança com relação aos democratas, em particular Kennedy, e Clinton que deixou o FBI à míngua em termos de recursos.

    Quem foi Edgar Hoover? 

    Nessa relação entre a instituição e os presidentes a principal figura, e não poderia ser diferente, é John Edgard Hoover, pois foi ele foi o primeiro diretor do FBI e permaneceu no cargo de 22 de março de 1935 até 2 de maio de 1972, quando faleceu.  Portanto, dirigiu o FBI por 48 anos! (vou concentrar este post neste aspecto). Interessante notar que em um país com alternância democrática na presidência, um dos cargos mais importantes dentro da segurança de Estado tenha experimentado tamanha estabilidade.

    John Edgar Hoover, nasceu em Washington D.C em janeiro de 1895 e quando entrou nas forças policiais, enfrentava sobretudo as “ameaças” internas, os anarquistas, que haviam realizado diversos atentados nos EUA, e posteriormente os comunistas. Sem esquecer do combate ao crime organizado, que foi o que levou Hoover a fama. Após a Segunda Guerra Mundial foi Hoover quem preparou o FBI para enfrentar a Guerra Fria e, claro, o crime organizado.

    A análise e caracterização de Hoover realizada por Weiner é muito intrigante. O autor demonstra que o diretor do FBI era capaz de odiar igualmente qualquer coisa que demonstrasse uma ideologia… Que demonstrasse rejeição ou que se diferenciasse do “sonho americano”, dos “valores americanos”. Assim, perseguiu violentamente, e muitas vezes usando recursos ilegais: anarquistas, comunistas, o movimento negro, hippies,  mas também os movimentos racistas como a Ku Klux Klan e os movimentos que pregavam (ainda pregam) a supremacia ariana. Alguns dos seus “inimigos” foram personalidades públicas, como Luther King… e por aí vai!

    Outra característica de Hoover era o seu personalismo. Em muitos casos tratava pessoalmente das operações e mantinha um arquivo próprio de informações. Em muitos documentos as instruções e as comunicações eram realizadas com um E. H., na borda, indicação clara de quem dera a instrução e como deveria ser seguida.

    Hoover homossexual?

    Um ponto polêmico do livro é a análise da relação entre Hoover e seu principal assistente: Clyde Tolson. Na literatura recente sobre Hoover encontramos de forma explicita e / ou  sugerida a homossexualidade de Hoover e os dois são frequentemente descritos como amantes. Esse aspecto foi explorado em algumas biografias e até no cinema. Tim Weiner descarta essa ideia, para o autor, Hoover não manteve relações sexuais com Tolson ou com “qualquer outro ser vivo”. Assim, para ele, Hoover era “assexuado” (palavra minha e não do autor).

    Parece um argumento estranho, para dizer o mínimo, porém a visão de Weiner sobre o contexto da sociedade americana é mais interessante do que qualquer argumento sobre esse aspecto. Afinal, cabe questionar: Qual é a relevância desse fato (se foi um fato)?  Qual a relevância em se saber se o diretor do FBI era ou não homossexual? Não seria esta uma questão secundária? Uma questão privada para além das ações públicas de Hoover?

    FBI e a perseguição aos homossexuais

    Seria! Ocorre que entre as páginas mais obscuras da história do FBI está a de uma ampla perseguição aos considerados “desviados” sexualmente. Neste “desvio”, os principais “inimigos” foram os homossexuais e as prostitutas. Assim, o debate (se é que é um debate) seria até que ponto a orientação sexual de Hoover teria influenciado nas ações persecutórias?  Como dissemos, Weiner descarta essa questão, como fantasia.

    Do meu ponto de vista, pois o debate se perdeu entre as caricaturas formadas sobre Hoover. As perseguições políticas ou motivadas por questões morais não são parte de uma escolha individual de quem ocupe um lugar de poder (e no caso de Hoover um destacado lugar de poder!). As medidas tomadas pelo Estado contra um grupo social devem ser explicadas pelo contexto social, muito mais do que por uma “pseudo psicologia de boteco”! Aqui, pontos para o autor, por saber inserir a figura pública no contexto histórico (o que é sempre muito complicado!)

    Por fim! 

    O livro começa com um dilema clássico nas Ciências Políticas: liberdade individual x segurança coletiva. Um dilema que perseguiu todos os pensadores políticos e todos aqueles que ocuparam lugar de poder no Estado. Um dilema que sempre se coloca quando o Estado precisa de órgãos de segurança e inteligência, como FBI.

    Quais são os limites do poder de vigilância? O que é legítimo em nome da segurança? A leitura do livro nos coloca o tempo todo, essa questão. Obviamente que o autor, claramente um liberal, não resolve, mas conhecer a trajetória do FBI, e em particular os dilemas de Hoover, nos ajuda a refletir, principalmente neste tempo em que temos a invasão do privado e dos escândalos de  espionagem, por um lado, e por outro o trauma dos atentados terroristas. Eis os desafios para a sociedade americana e para o próprio FBI.

    J. Edgar Hoover no Cinema.

    Interessante observar a diferença, sobre a questão da homosexualidade, abordada no filme J Edgar, dirigido por Clint Eastwood e com Leonardo DiCaprio no papel principal. O filme assume a versão de que Hoover era homosexual, embora não coloque cenas explícitas do relacionamento.

    Uma cena que nos chama a atenção é a que os dois vestidos em roupão entram em uma briga violenta em um hotel. Este episódio é relatada em diferentes biografias de Hoover, mas Weiner a descarta como verídica. No filme a parte mais explícita do suposto relacionamento de Hoover com seus principal assistente.

    Novamente é preciso dizer que se Hoover era homosexual ou não seria uma questão privada do que pública! Se não fosse o fato de o FBI nas primeiras décadas de atividade não tivesse articulado uma perseguição sistêmica aos homosexuais.

    • Leia também a obra do mesmo autor sobre a CIA (Aqui)